"PERDEU, MANÉ": COMO UMA FRASE EM BATOM ESCANCAROU UM PLANO DE GOLPE CONTRA A DEMOCRACIA
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Quando o batom vermelho vira arma de golpe: O caso Débora Rodrigues e os limites do absurdo
Em 1972, Laszlo Toth destruiu com um pequeno martelo o rosto da Pietà de Michelangelo no Vaticano, proclamando-se Jesus Cristo. O ato, ainda que executado por um homem aparentemente perturbado, teve um impacto profundo. Não pelo dano material em si, mas pela violência simbólica contra um dos mais valiosos ícones da civilização ocidental.
Agora, mais de meio século depois, outro atentado simbólico choca o Brasil. Débora Rodrigues dos Santos, armada com um simples batom vermelho, escreveu "perdeu, mané" na estátua "A Justiça" de Alfredo Ceschiatti, em frente ao Supremo Tribunal Federal. Uma ação aparentemente pequena, mas carregada de significado, e que agora pode custar-lhe 14 anos de prisão.
Mas é justo punir alguém tão severamente por "apenas" vandalizar uma estátua?
A resposta curta é não. Mas a resposta correta é outra: o batom vermelho foi apenas a ponta do iceberg de um projeto criminoso bem maior e mais perigoso. O voto do ministro Alexandre de Moraes não deixa dúvidas: Débora não é simplesmente uma "pichadora" casual. É uma militante consciente de um movimento golpista organizado.
Iter criminis: um batom não tão inocente assim
"Iter criminis" é uma expressão jurídica para descrever o caminho percorrido desde a intenção criminosa até sua execução. Para Débora Rodrigues, escrever "perdeu, mané" foi só o último ato de uma peça teatral macabra, encenada ao longo de meses.
Desde o fim das eleições de 2022, Débora participou ativamente de acampamentos golpistas em frente a quartéis, defendeu publicamente intervenção militar, e, no fatídico 8 de janeiro, somou-se ao bando de vândalos que destruiu símbolos da democracia brasileira.
A narrativa falsa do "só vandalismo"
Enquanto muitos ecoam, indignados, "tudo isso por causa de uma estátua?", é essencial olhar além do gesto isolado. Não se trata apenas de pichação, mas de um ataque frontal ao Estado Democrático de Direito. Débora tentou esconder sua participação apagando mensagens e provas, em uma tentativa frustrada de se desvincular da associação criminosa.
O que está em jogo não é um monumento de mármore e bronze, mas a segurança das instituições democráticas do país. A frase debochada rabiscada em batom vermelho é uma provocação, sim, mas é também a confirmação arrogante de um crime muito maior.
A banalização da violência política
O julgamento de Débora Rodrigues nos leva a questionar algo fundamental: até que ponto a violência simbólica e política foi banalizada no Brasil? A comparação com Laszlo Toth pode parecer extrema, mas ambos têm algo em comum: o ataque não é ao objeto em si, mas ao que ele representa.
No caso brasileiro, foi a Justiça, simbolicamente vandalizada, e, por extensão, o próprio regime democrático. Será que o país esqueceu o quão doloroso é recuperar instituições destruídas por ações insanas como essa?
A sentença exemplar: dura, mas necessária
A condenação de Débora Rodrigues a 14 anos de prisão não é uma simples resposta ao ato isolado do vandalismo. É, sim, um recado contundente a todos que pensam em seguir pelo mesmo caminho. Não se pode brincar de golpe de Estado. Não se pode tolerar que a democracia vire alvo de "brincadeiras" ou bravatas autoritárias.
Se parece exagerado, lembre-se de que, por trás daquele batom, havia a intenção explícita de derrubar um governo democraticamente eleito.
No fim, o batom vermelho deixou uma marca mais profunda do que apenas palavras provocativas numa estátua. Deixou claro que até os gestos aparentemente mais banais podem carregar consequências devastadoras para quem escolhe o caminho perigoso do autoritarismo.
E para lembrar das velhinhas inocentes de direita da família tradicional brasileira, fica essa imagem de recordação:
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