BATALHÃO DOS 'KIDS PRETOS' PASSA POR MUDANÇAS APÓS ESCÂNDALO GOLPISTA

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Trama golpista leva Exército a rever batalhão dos 'kids pretos'

Nos bastidores do Exército Brasileiro, uma grande movimentação sinaliza que a investigação da Polícia Federal sobre a trama golpista para impedir a posse do presidente Lula em 2023 trará consequências profundas. Desde novembro de 2024, quando a PF entregou seu relatório ao Supremo Tribunal Federal (STF), mudanças radicais começaram a ocorrer no Comando de Operações Especiais (Copesp), conhecido como reduto dos “kids pretos”, em Goiânia.

A gravidade das revelações do tenente-coronel Mauro Cid, que revelou planos de "causar o caos" no país em plena crise eleitoral, acelerou a necessidade de reformas urgentes na estrutura das Forças Especiais. Até o momento, 12 integrantes da unidade já foram denunciados por participarem ativamente da tentativa de golpe, incluindo o tenente-coronel Guilherme Marques Almeida, especialista em operações psicológicas.

Mudanças tímidas, mas simbólicas

As primeiras alterações, consideradas ainda tímidas, começaram a ser publicadas no final de 2024. O Exército retirou o próprio Copesp da seleção dos alunos para os cursos das Forças Especiais. Agora, o Comando Militar do Planalto e o Departamento-Geral de Pessoal, ambos em Brasília, serão os responsáveis diretos pela escolha das turmas.

Outra mudança significativa envolve o curso de operações psicológicas. Antes realizado no Copesp, o treinamento agora ocorrerá no Centro de Estudos de Pessoal da Força, no Rio de Janeiro. A decisão veio após denúncias sobre a participação de Marques Almeida em "operações estratégicas de desinformação", utilizando grupos de WhatsApp para fomentar protestos e tumultos sociais.

Tradição polêmica e influência norte-americana

O professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Francisco Teixeira, adverte que as reformas propostas talvez não sejam suficientes para eliminar uma mentalidade enraizada no Copesp, influenciada por treinamentos realizados no Exército dos Estados Unidos desde a época da controversa Escola das Américas. Segundo Teixeira, enquanto persistir a doutrina de "inimigo interno", alterações superficiais não resolverão o problema real.

Prazo apertado e expectativa por mudanças profundas

Para definir claramente o futuro do Copesp, um grupo de trabalho criado pelo Estado-Maior do Exército tem até 28 de março para entregar um relatório detalhado. O grupo, coordenado pelo general de brigada Kurt Everton Werberich, precisará apresentar propostas que vão desde a reformulação curricular até mudanças profundas na doutrina operacional do batalhão.

Ao todo, 12 oficiais do Exército estão envolvidos neste estudo crucial, demonstrando o reconhecimento interno de que não é mais possível tolerar práticas antidemocráticas entre suas fileiras. O relatório final será analisado diretamente pelo general Richard Nunes, do Alto-Comando do Exército, que poderá definir novos rumos para a unidade.

Em um momento em que a democracia brasileira ainda se recupera do trauma causado pelos ataques golpistas de janeiro de 2023, essas medidas tornam-se cruciais para sinalizar que não haverá mais espaço para conspirações internas na defesa da ordem institucional do país.