CNJ BLOQUEIA COMPRA DE MEIO MILHÃO DE REAIS EM IPHONES NO TJ/MA: EFICIÊNCIA OU OSTENTAÇÃO?
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Imagem Reprodução |
CNJ suspende compra extravagante de iPhones pelo TJ/MA: mordomia ou necessidade?
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) freou o extravagante "sonho tecnológico" dos desembargadores maranhenses ao suspender a compra de 50 iPhones 16 Pro Max, prevista pelo Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ/MA). A aquisição, que custaria impressionantes R$ 573 mil aos cofres públicos, levantou sobrancelhas, dúvidas e muita indignação.
Ostentação tecnológica ou eficiência judicial?
O TJ/MA tentou justificar a compra alegando critérios técnicos como fluidez operacional, segurança avançada e durabilidade prolongada. Segundo o tribunal, tais dispositivos garantiriam melhor desempenho nas audiências virtuais e acesso eficiente aos sistemas processuais. Mas, convenhamos: é mesmo preciso o smartphone mais caro do mercado para realizar tarefas que modelos mais baratos desempenham com facilidade?
O CNJ, através do ministro corregedor Mauro Campbell Marques, parece concordar com essa dúvida. A decisão de suspender o edital ressalta uma questão fundamental: até que ponto o dinheiro do contribuinte pode ser gasto em equipamentos de luxo sob a alegação de "eficiência"?
Histórico problemático do TJ/MA
Vale lembrar que este não é o primeiro episódio controverso envolvendo o Tribunal maranhense. Em 2022, o CNJ afastou temporariamente dois desembargadores do TJ/MA por suspeitas graves de corrupção e tráfico de influência. Os magistrados foram acusados de interferir irregularmente em decisões judiciais e processos internos do tribunal.
Além disso, nos últimos anos, diversas denúncias de privilégios excessivos e gastos desproporcionais têm marcado a imagem do TJ/MA, alimentando a desconfiança da população sobre a forma como o Judiciário utiliza recursos públicos.
Desperdício ou investimento necessário?
O argumento apresentado pelo TJ/MA de que os aparelhos seriam usados exclusivamente para fins profissionais também não convenceu plenamente. O ministro Mauro Campbell destacou que a justificativa do tribunal falha ao explicar por que a aquisição ultrapassaria o número de desembargadores, indicando um possível desperdício ou até privilégios desnecessários a funcionários específicos.
É curioso notar que enquanto o Tribunal defende a necessidade dos smartphones mais sofisticados disponíveis no mercado, muitos tribunais estaduais e federais conseguem realizar atividades similares com modelos intermediários, gastando bem menos e obtendo resultados satisfatórios. O argumento de "compatibilidade tecnológica" e segurança também parece fraco, uma vez que dispositivos bem mais acessíveis oferecem desempenho semelhante em atividades cotidianas da Justiça.
Luxo versus realidade maranhense
A questão ganha ainda mais relevância ao analisarmos a realidade socioeconômica do Maranhão. O estado, que amarga índices dramáticos de pobreza e desigualdade social, enfrenta carências severas na saúde pública, educação e infraestrutura básica. Em um cenário assim, torna-se ainda mais questionável o investimento em celulares de luxo para desembargadores, cuja remuneração mensal já ultrapassa em muito a média salarial do cidadão comum.
Transparência em xeque
A decisão do CNJ é, portanto, um alerta sobre o uso transparente e responsável dos recursos públicos. Em um momento em que a população clama por maior austeridade e responsabilidade fiscal, decisões como esta do TJ/MA parecem fora de sintonia com a realidade e com o bom senso.
Fica então a pergunta: até quando o contribuinte brasileiro precisará financiar o luxo sob o disfarce de "necessidade técnica"?

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