BOLSONARO E A GUERRA NA BANCADA EVANGÉLICA: OTONI DE PAULA EXPÕE BASTIDORES

Foto: Redes Sociais
 


Otoni de Paula Rompe com Bolsonaro e Expõe Guerra Interna na Bancada Evangélica


A derrota de Otoni de Paula (MDB-RJ) na eleição para a liderança da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) expôs uma profunda divisão dentro da bancada e marcou o rompimento definitivo do deputado com Jair Bolsonaro (PL). Otoni, que já foi um dos mais leais aliados do ex-presidente, agora acusa Bolsonaro de orquestrar sua derrota, consolidando um racha na bancada evangélica do Congresso.


Na disputa realizada na última terça-feira (25), Gilberto Nascimento (PSD-SP) saiu vitorioso com 117 votos, enquanto Otoni recebeu apenas 61. O resultado, segundo o deputado fluminense, não foi uma simples escolha democrática, mas sim um processo contaminado pelo que ele chamou de “eleição do medo”. Otoni afirma que parlamentares foram pressionados a votar contra ele, sob ameaça de retaliação política por parte do clã Bolsonaro e seus aliados mais radicais, como o pastor Silas Malafaia.


De Aliado a “Inimigo” do Bolsonarismo


Otoni de Paula não esconde sua indignação com Bolsonaro e seus seguidores. “Eu fui o cara mais aliado do Bolsonaro. Mas, por pensar diferente, fui eleito inimigo e adversário dele”, desabafou. Para ele, a mensagem enviada aos demais deputados foi clara: quem ousar discordar do ex-presidente será descartado e atacado publicamente.


A ruptura entre Otoni e Bolsonaro começou a se desenhar ainda em 2022, quando o deputado apoiou Eduardo Paes (PSD) na eleição municipal do Rio de Janeiro, contrariando os interesses do bolsonarismo, que apostava em Alexandre Ramagem (PL). O distanciamento se aprofundou após um encontro com Lula no Palácio do Planalto, onde Otoni teceu elogios ao presidente petista. Esse movimento irritou profundamente a ala mais radical do bolsonarismo, que passou a tachá-lo de “comunista gospel” e traidor.


Malafaia, uma das figuras mais influentes da bancada evangélica, foi um dos principais articuladores contra Otoni. O pastor, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, utilizou sua influência para reforçar a narrativa de que a proximidade de Otoni com o governo Lula era inaceitável para a bancada evangélica.


Apoio de Bolsonaro Como Moeda de Troca


A retaliação contra Otoni demonstra como o bolsonarismo transformou o apoio de Jair Bolsonaro em uma moeda de troca dentro da bancada evangélica. A lógica imposta é simples: quem se mantém fiel ao ex-presidente tem garantias políticas e respaldo eleitoral, enquanto aqueles que ousam divergir são alvos de ataques e ostracismo.


A própria fala de Bolsonaro, mencionada por Otoni, deixa isso evidente. Segundo o deputado do MDB, o ex-presidente teria dito que votar nele significaria uma traição e que os deputados que fizessem isso teriam que pedir votos para Lula em 2026, e não para Bolsonaro. Essa ameaça explícita ilustra o clima de tensão e controle dentro do grupo, onde qualquer desvio da cartilha bolsonarista pode significar o fim de uma carreira política.


O Futuro Político de Otoni e da Bancada Evangélica


Apesar da derrota, Otoni de Paula não pretende abandonar a política. Ele já confirmou que buscará a reeleição como deputado federal em 2026, descartando uma candidatura ao Senado. No entanto, sua posição dentro da bancada evangélica ficou fragilizada. Sem o apoio de Bolsonaro e isolado por figuras como Malafaia, Otoni precisará construir novas alianças para manter sua relevância.


O racha na bancada evangélica também levanta questionamentos sobre o futuro do grupo no Congresso. A FPE sempre foi vista como um bloco coeso, mas a influência crescente do bolsonarismo transformou a frente em um campo de batalha político-ideológico. Com figuras cada vez mais alinhadas ao ex-presidente e outras buscando independência, o grupo pode enfrentar dificuldades para manter sua unidade nos próximos anos.


Otoni e a Queda de Um Soldado do Bolsonarismo


Otoni de Paula pode ter sido um dos mais fiéis aliados de Bolsonaro, mas sua derrota na FPE mostra que, no bolsonarismo, lealdade tem prazo de validade. Ao se afastar do ex-presidente e tentar construir uma posição mais independente, o deputado se tornou alvo de uma máquina política implacável. Agora, sem o apoio do clã Bolsonaro, resta saber se Otoni conseguirá se reinventar politicamente ou se será apenas mais um nome na longa lista de ex-bolsonaristas descartados pelo próprio grupo que ajudaram a fortalecer.

BOLSONARO E A GUERRA NA BANCADA EVANGÉLICA: OTONI DE PAULA EXPÕE BASTIDORES BOLSONARO E A GUERRA NA BANCADA EVANGÉLICA: OTONI DE PAULA EXPÕE BASTIDORES Reviewed by Blog O Ludovico on 14:01 Rating: 5

Nenhum comentário