FEBRE DO MOUNJARO: REMÉDIO PARA DIABETES VIROU DESEJO DE QUEM QUER EMAGRECER SEM ESFORÇO
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Imagem Reprodução |
Mounjaro: o novo remédio da moda para emagrecer chega ao Brasil cercado de polêmicas e promessas
A corrida pelo corpo ideal ganhou um novo protagonista: o Mounjaro. Apelidado de “Ozempic dos ricos”, o medicamento à base de tirzepatida vem sendo exaltado como uma nova promessa para o emagrecimento rápido — e sem esforço. Lançado em 2022 nos Estados Unidos, o remédio foi aprovado no Brasil em 2023, mas é neste mês de maio que deve chegar oficialmente às farmácias do país. E, mesmo antes de estrear nas prateleiras, ele já movimenta um mercado paralelo recheado de riscos e controvérsias.
Um medicamento para diabetes, um efeito colateral lucrativo
O Mounjaro foi desenvolvido para tratar o diabetes tipo 2, mas seu principal atrativo para o público fora desse grupo está em um "efeito colateral": ele promove a saciedade, reduzindo drasticamente a fome. A substância ativa, tirzepatida, tem demonstrado resultados impressionantes — com perdas médias de até 22% do peso corporal, superando inclusive os índices do Ozempic (semaglutida), seu “primo” farmacológico mais famoso.
Esse potencial transformou o Mounjaro em objeto de desejo. Não é exagero dizer que há uma corrida silenciosa por ele. Segundo dados da Receita Federal e da Polícia Federal, só nos primeiros meses de 2025 já foram apreendidos mais de R$ 3 milhões em remédios ilegais do tipo nos aeroportos brasileiros. Enquanto isso, redes sociais estão repletas de ofertas clandestinas, muitas vezes sem prescrição médica, sem controle e com sérios riscos à saúde.
A busca por atalhos e os perigos invisíveis
Por trás do entusiasmo com a “droga do emagrecimento”, há um dado alarmante: 68% da população brasileira está acima do peso, e 31% já são considerados obesos, segundo o Ministério da Saúde. Com um cenário desses, não surpreende que qualquer promessa de emagrecimento rápido ganhe tamanho apelo.
Mas a promessa tem um preço. O Mounjaro deve custar caro, e a expectativa é de que ele se torne um produto de luxo, com acesso restrito. O apelido “Ozempic dos ricos” não surgiu à toa. Além disso, o uso para fins estéticos ainda levanta preocupações éticas e sanitárias: médicos alertam que o consumo indiscriminado por quem não tem diabetes pode gerar efeitos adversos graves, como náuseas, pancreatite, desequilíbrios metabólicos e problemas gastrointestinais.
O que esperar do Mounjaro no Brasil?
Com a chegada oficial às farmácias, espera-se que o Mounjaro seja regulado de forma mais rígida. A Anvisa alerta que o medicamento só deve ser vendido com receita médica, e que o uso deve ser acompanhado por profissionais de saúde. Ainda assim, o interesse pelo remédio promete crescer, especialmente entre influenciadores e celebridades, que já alavancaram a popularidade do Ozempic em redes sociais nos últimos anos.
Mais do que um modismo, a ascensão do Mounjaro expõe uma ferida antiga: a dificuldade da sociedade em lidar com a obesidade de forma responsável. Em vez de incentivar políticas públicas de saúde, educação alimentar e promoção da atividade física, seguimos em busca do “remédio mágico”.
Tratar o peso como um sintoma, e não como o problema em si, talvez seja o verdadeiro caminho. Mas, enquanto isso não acontece, o mercado dos atalhos farmacêuticos continua faturando — e crescendo.

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