"BISPO DO CAPETA": EMTRE TAPAS E SOCOS APOIADORES DE BOLSONARO TRANSFORMAM ORAÇÃO EM BARRACO
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Imagem Redes Sociais |
Caos ungido: “Bispo do capeta”, tapa no peito e culto vira ringue entre bolsonaristas em frente ao hospital
Quando o “amém” vira “amasso”: pregação de apoio a Bolsonaro termina em agressão, ofensas e disputa por holofotes em frente ao DF Star
Um culto de fé... ou de fúria?
Quem passou pelo Hospital DF Star, em Brasília, neste sábado (3/5), esperando ver orações e cantos de louvor pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, internado para mais uma bateria de exames, presenciou algo mais próximo de um UFC gospel.
O que era para ser uma demonstração de união e espiritualidade acabou descambando para a baixaria entre dois expoentes religiosos que, em tese, deveriam pregar a paz. Mas o palco sagrado virou circo — e o ringue foi armado ao som de “glória a Deus” misturado com “tapa vai ter um preço”.
De um lado, o bispo Fernando Fé, conhecido por sua devoção fervorosa e por liderar orações públicas em favor de Bolsonaro. Do outro, o pastor Edvaldo Duarte, uma figura que apareceu repentinamente há dois dias e já chegou disposto a disputar espaço e microfone.
“Bispo do capeta” e o soco sagrado
Segundo testemunhas e vídeos amplamente compartilhados nas redes, o estopim da confusão foi o encerramento de uma gravação feita por Fernando Fé. O pastor Duarte, sem ter seu “momento de fala”, se exaltou, interrompeu a transmissão e disparou:
“Esse aí é o bispo do capeta!”
A resposta veio rápida, e não foi uma parábola: um soco no peito desferido pelo próprio Fernando Fé. O episódio escancara o clima de tensão entre os que, publicamente, se dizem aliados em nome da fé e da pátria. O culto virou barraco e a cruz, por alguns instantes, virou clava.
A guerra de egos sob o véu da fé
A briga evidencia algo maior: a luta por protagonismo num momento delicado para a imagem do bolsonarismo. Com o ex-presidente acuado por investigações e enfrentando problemas de saúde, cada aparição pública em seu nome vira oportunidade de capital político, seja pela fé ou pela controvérsia.
Fernando Fé acusa Duarte de ter chegado para “causar”. Segundo ele, o pastor queria roubar a cena e tumultuar:
“Nesse momento que a gente estava encerrando com alegria, ele veio dessa forma agressiva dizendo que queria falar. Mas a gente tinha um tempo de gravação e ele seguiu insistindo, depois começou a nos ofender”.
Já Duarte, agitado e com olhar inflamado, prometeu que o tapa sofrido “vai ter um preço”. Aparentemente, nem o perdão cristão escapou da polarização.
Bolsonaro como ícone messiânico... e combustível de vaidades
Esse episódio grotesco nos mostra como a imagem de Bolsonaro virou um altar onde muitos disputam o lugar de sumo sacerdote. O ex-presidente, mesmo internado, continua sendo explorado como símbolo messiânico por pastores, bispos e aspirantes a influenciadores da fé política.
Mas o culto que deveria exaltar valores cristãos revelou o que realmente move parte da base bolsonarista: vaidade, narcisismo e uma fome insaciável por cliques, aplausos e influência.
Da oração ao embate: o bolsonarismo evangélico em crise de identidade
A cena é simbólica: a disputa não foi entre esquerda e direita, mas entre aliados da mesma fé e da mesma causa política. O bolsonarismo evangélico, outrora coeso em seus discursos inflamados contra a “ameaça comunista”, agora parece fraturado por dentro, entregue a disputas de ego e escândalos grotescos.
E enquanto o país observa estupefato, os supostos pastores da moral se digladiam em praça pública, mostrando que, no fundo, a cruz virou palco — e a fé, espetáculo.
Rapaz, o pau comeu no grupo de “oração” ao Bolsonaro em frente ao hospital. Teve pastor agredindo outro pastor, um chamando o outro de “bispo do capeta”, “falso profeta” etc. Essa é a turma do “Deus, Pátria e Família”. pic.twitter.com/9aK5YaYD2S
— Lázaro Rosa 🇧🇷 (@lazarorosa25) May 4, 2025

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